segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

I've always been here...


- Você sabe, ela foi a única que… – Fez um gesto vago com as mãos, como se este completasse sua frase. – Ela me amava, mesmo com todas as imperfeições e vícios, ela me amava de um jeito que ninguém vai amar igual. Era único.

- E que te garante isso, Fernando? Como você sabe que ninguém vai te amar como ela amou?

- Eu sinto. A gente sente, quando é amor de verdade, não sente? Eu sentia, eu… – Mordeu o lábio inferior sem muita força, apertando ainda mais o cigarro entre o indicador e o médio. – Eu podia sentir, sabe? Era tão claro, tão certo, tão óbvio… E isso me dá um puta medo.

- Olha, não é bem assim… Talvez você não perceba que tem muita gente por aí que te ama (e ama muito) porque não consegue se desligar desse fantasma. – Ela não sorriu, apenas o encarou com aquele olhar pesado que só ela tinha.

- É exatamente disso que tenho medo, Anna. – Deu um forte trago no cigarro, olhando para cima em seguida. – E se eu estiver, sei lá, ignorando todas as pessoas que tentam se aproximar de mim? Eu não quero isso; eu quero sentir aquele calor de novo, sabe? Quero saber que tem alguém pensando em mim, gastando seu tempo pra me fazer feliz… Saber que tem alguma pessoa que gosta das minhas imperfeições e que aceita meus vícios, mas é difícil esquecer dela.

Anna balançou a cabeça, demonstrando que entendia a situação. Ele sorriu triste, juntando seus lábios por breves segundos.

- Eu gosto de você, Anna, gosto muito. – Ele juntou suas mãos, acariciando a dela com o polegar. – Você era a última pessoa que deveria ouvir tudo isso, mas é minha melhor amiga, acima de tudo. Não tem ninguém melhor que você…

- Nem mesmo ela?

- É diferente… E ela não está mais aqui, não é uma comparação justa.

- É, eu sei, me desculpa. É que eu penso em você o tempo todo e tento te fazer feliz sempre que estamos juntos. Gosto das suas imperfeições, dos seus vícios… Gosto de você por completo. – Ela soltou da mão dele, passando a sua pelo cabelo curto. – Eu te amo, te amo, te amo… – E sua voz foi morrendo aos poucos.

- Mas… Não. Você é só minha amiga, lembra? Amigos, desde sempre, sei lá, desde quando a gente tinha sete anos? Melhores amigos desde o primário. Você me conhece melhor que qualquer um, mais do que eu mesmo, se duvidar. Conhece a pior parte de mim… Como pode me amar desse jeito?

- Amando. E é tão injusto você não se esforçar pra reparar nisso. É tão injusto te ouvir falar sempre do amor dela e de como ela era maravilhosa e perfeita e tudo que você sonhou. Já faz três anos, Fernando. Três-anos. Quando você vai perceber que eu sempre estive aqui? Quando vai perceber que o que me manteve ao seu lado todos esses anos foi o amor que eu sinto por você?

- É amor de amigo, Anna. Lembra quando eu te chamava de irmãzinha?

- E quem te disse que a gente só pode sentir um tipo de amor por cada pessoa? Eu te amo como amigo, como irmão, como o “próximo”, como homem… Eu te amo de várias maneiras. Eu te amo pelo que você é e pelo que você quer ser, pelos seus erros e acertos, pelas marcas que existem em você, por tudo que você é. Eu te amo, Fernando, te amo. E sempre estive aqui, como sempre estarei, mesmo que você não consiga ver o quanto eu te amo. Eu vou estar aqui porque é o que você precisa. Eu vou estar aqui porque é o que eu preciso também. Eu vou estar aqui porque assim faz mais sentido.

- Eu, hm, também te amo, você sabe. É só que… Eu não imaginava. – Os braços dela amarraram-se a cintura dele, sendo o apoio que ele sempre precisou.

Fonte: http://poesiaobscura.wordpress.com

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